As eleições da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil) tiveram mais um capítulo confuso e polêmico no último domingo, 09 de abril, que havia sido escolhido previamente como a data para a votação que definiria o novo presidente da entidade, assim como os novos secretários. A Justiça ordenou a suspensão do pleito e a ordem foi ignorada. A votação que deveria ter sido interrompida por ordem da juíza Angélica dos Santos Costa, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, não foi atendida, e a eleição foi realizada.
O sistema de votação ficou fora do ar em alguns momentos ao longo do domingo, mas foi retomado posteriormente e ao final do dia, a CGADB anunciou um resultado extraoficial, dando a vitória ao pastor José Wellington Junior. Na decisão liminar, a juíza Santos Costa havia determinado a suspensão das eleições para que fosse agendada uma “nova data com a observação de todas as ordens judiciais proferidas”. A medida se fazia necessária, no entendimento da juíza, porque uma guerra de liminares se instalou em todo o país, com diversas ações acolhidas pela Justiça pedindo o cancelamento ou suspensão da candidatura de José Wellington Junior por não obedecer a regra de desincompatibilização do cargo de presidente da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD).
Junto a essa polêmica, havia denúncias de irregularidades na empresa Scytl Soluções, que foi escolhida para comandar a eleição online. Uma ordem judicial, reiterada pelo juiz do fórum designado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o caso, cancelou 10.479 inscrições de pastores que já haviam falecido ou não existem. Desobediência: Durante o domingo, rumores de que a CGADB ignoraria a decisão reforçaram a tensão entre os assembleianos, e posteriormente, a informação antecipada pelo portal Gospel Prime foi confirmada. A intenção dos envolvidos na organização do pleito é travar uma batalha ainda maior com a oposição na Justiça.
Na sexta-feira, 07 de abril, o juiz designado pelo STJ para cuidar do caso, Thomas Souza, decidiu manter todas as intervenções e punições em caso de desobediência ou obstrução da justiça, e reintegrou o pastor José Wellington Junior ao quadro de candidatos, que contava ainda com os pastores Samuel Câmara e Cícero Tardim. A fonte do portal afirmou que nenhuma das decisões emitidas pela Justiça foram cumpridas pela CGADB e pela empresa designada para comandar o processo, como por exemplo, a exclusão dos 10.479 inscritos que estavam sob suspeição.
A cúpula da entidade assembleiana se reuniu na noite do sábado, em um hotel de Brasília (DF) para uma reunião, sem comunicar o encontro ao interventor judicial nomeado para comandar o caso, o doutor Márcio José de Oliveira. Quando soube do encontro, o interventor foi ao local mas foi impedido pelos seguranças da CGADB. A Polícia Militar foi chamada e na sequência, Oliveira se dirigiu à 5ª Delegacia de Polícia Civil, onde registrou um Boletim de Ocorrência (B.O.).
Dinastia: A CGADB vem sendo dirigida, há quase 30 anos, pelo pastor José Wellington Bezerra da Costa, que é o líder da Assembleia de Deus Ministério do Belém. Nas últimas eleições da entidade, o pastor Samuel Câmara, líder da chamada “igreja mãe” das Assembleias de Deus, em Belém (PA), se colocou como antagonista do veterano pastor, iniciando um processo de oposição que nunca havia sido registrado na CGADB. O resultado da polêmica eleição do último domingo mostra que o processo permeado de questões suspeitas, já que mostra uma disparidade com as votações das eleições anteriores.
A votação, suspensa pela Justiça, mas anunciada de forma extraoficial pela CGADB no final do domingo, mostrou que José Wellington Junior recebeu 14.675 votos, contra 8.145 de Samuel Câmara e 108 de Cícero Tardim. Foram registrados apenas 91 votos em branco. Se comparada com a eleição de abril de 2013, quando José Wellington Bezerra da Costa derrotou Samuel Câmara durante a 41ª Assembleia Geral Ordinária (AGO), a disparidade na quantidade de votantes fica evidente: na ocasião, Bezerra da Costa recebeu 9003 votos (54%) contra 7407 (46%) de Câmara, num universo de 16410 votos válidos.
Houve ainda 162 votos brancos e 175 nulos nessa eleição. Dada a margem apertada do resultado, muitos candidatos a cargos de secretariado na CGADB pediram recontagem dos votos.Comemoração: A novela que envolve as eleições da CGADB está longe de acabar, já que a entidade desrespeitou a decisão da Justiça de suspender a votação para uma remarcação até que as ordens judiciais anteriores fossem cumpridas pela entidade e pela empresa contratada para a licitação.
Apesar de tudo isso, o pastor José Wellington Junior, filho do atual mandatário, publicou um vídeo em sua página no Facebook, comemorando a eleição para a presidência da entidade. No discurso, ele considerou sua vitória “retumbante” e agradeceu a Deus pelo resultado.
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